Por outro lado

Tudo tem, pelo menos, dois lados

O Lado Da Fernanda, Visto Pela Vanessa setembro 20, 2007

Filed under: O lado da Vanessa — Vanessa Oliveira @ 10:29 am

Lá vem a pata…

E lá veio a menina, pequena, rebolando, andando de um jeito tão gracioso e desajeitado que só uma criança poderia ter. E o apelido pegou.

Pata aqui, pata acolá.  

E assim cresceu. Tentando se achar entre tantos “eus” diferente dos “eus” dos outros. Andando entre situações e pessoas, sempre a procura de um cantinho sossegado.  Aquele lugar onde ela poderia ficar tranqüila, curtindo o sol de olhos fechados. Longe de qualquer mal ou perigo. 

 Lá vem a pata…

E lá veio ela, do cerrado de Brasília para as montanhas de Minas Gerais. Mais precisamente: Juiz de Fora. Sabe como é, né? Ave migratória, às vezes, tem dessas coisas… Voa sem mudar a estação. Apenas segue seu bando.

Para ver o que que há…

E viu que os mineiros sabem beber cachaça.

Que amigo nem sempre se faz na primeira golada.

E que patos convivem numa boa com gatos.

Que dançar no carro pode ser mais empolgante do que na boate.

Mas que nem sempre as pessoas na rua entendem.

Que todo veículo que se preza há de se ter um nome.

E que chamar o seu de “Capeto” torna o passeio beeeem mais divertido.

Que cinema e rádio formam uma dupla interessante.

E que mais interessante só o Russel Crowe ao som do U2.

Que a França tem François Truffaut.

E que a Alemanha tem Leni Riefenstahl.

Que a faculdade não quer dizer somente aula.

Chopada, calourada ou sexta-cultural.

E que jornalismo é bom, interessante, enriquecedor, mas passa.

Lá vem a pata…

Querendo de novo voar. Dessa vez para terras desconhecidas, sem proteção do Ibama, e sozinha: Campinas.

Pata aqui pata acolá

E ela então tenta encaixar seu discurso no vocabulário dos outros. Seu desafio: lingüística. Emite sons na esperança de que alguém consiga compreender palavras. Sai de seu lago para ser entendida por cavalos, cachorros e até besouros! Só que ela se esquece de que cavalos relincham, cachorros latem e que besouros… Fazem o quê mesmo? Impressionante como um inseto consegue ser confuso às vezes… Talvez fosse melhor entender os patos antes… E não ficar esperando que eles virem cisnes, por exemplo! Malditos contos de fadas… Até ela, por conta disso, às vezes se esquece que ser pata, por si só, já tem toda uma graça.

 Lá vem a pata…

Para Juiz de Fora, se preparando para mais um vôo. No bico: margaridas que colheu pelo caminho.

Para ver o que que há…

Na vida.

No mundo.

E a música segue: lá vem a pata…

 

2 Responses to “O Lado Da Fernanda, Visto Pela Vanessa”

  1. Fernanda Says:

    Ah!

    Cada dia que passa eu percebo o quanto o apelido que me foi dado quando eu tinha 8 meses de idade foi a alcunha mais apropriada que eu poderia receber.

    Ela explica bastante sobre meu próprio caminho, e sobre meus descaminhos.

    Às vezes a gente luta contra nossa própria natureza. E depois descobre, como diz o filósofo, que o caminho sempre aponta para dentro. O meu coração é a rota.

    Obrigada! Obrigada! Obrigada!

    🙂

  2. Fernanda Says:

    Ah…!

    Ponto crucial: patinho feio.
    Como isso dói!


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